Meu pai dê-me uns vinte alqueires de pão
Ando trabucar pró ano ter cabonde
Lavro como mouro, hei-de ter bom grão
Empreste-me, venda-me, que responde?
Cuidas que te sustento a familagem?
Casaste com a fome linda, pirangão!
A minha casa não é estalagem
Tens fome vai roubar, filho dum cão.
Casei-me. O que está feito, feito está
Tenho mulher, sogra e o irmão dela
Empreste o pão, não se arrependerá
Para a sua fortuna é bagatela.
Tens vinte centos de mil réis no papo
Que gastei a fazer de ti estudante,
Larápio, bajoujo, humano farrapo!
Querias bagalhoça, que desplante!
Unhas-de-fome, judeu de uma fona
Pensa que o leva todo pró inferno?
Que lhe dê uma febre nessa mona
E vá pró purgatório sempiterno!