Redondo é o
mostrador do desperdício,
essa montra
demoníaca
de filigranas
finamente eficientes
na demonstração da
fuga.
Cada movimento
uma dissipação,
uma perda
irremediável.
(A que horas vens?)
Ó mostrador redondo
do desperdício
és um dos infinitos
olhos de Deus,
delirante de riso
com
os nossos ademanes
enquanto as pernas
marcham
e as penas murcham
por não sabermos
voar.
(A que horas vens?)
Ó mostrador redondo
do desperdício
quanto tempo terá a
minha eternidade?
(A que horas vens?)
Ó mostrador redondo
do desperdício
quanto tempo tenho
para perder?
(A que horas vens?)
Para mim,
ainda que seja tarde
será sempre cedo.