Há dias em que não
visto bem o branco, o poema não me vai bem na cintura como aquelas
saias pingonas de um lado que deixam a perna contrária à mostra.
Há dias em que o
poema sabe a cigarro estragado,a nicotina adulterada por demasiado
alcatrão.
Dias de tamanho frio
que só as cartas agasalham. Essas que me fazem acordar a meio da
noite na urgência de serem enviadas e lidas. Essas que
profissionalmente te ceifam o silêncio.
Há dias em que só
uma palavra basta.
E quando vem
dilata-se a prolongar a fome.