sexta-feira, 25 de março de 2016

pio




perdi o fio à meada
no labirinto das palavras
abandonei a voz
cortei o pio
no frio metálico
o gume gélido
daquelas sete pedras
a língua emaranhada
do silêncio
inundando de dúvida
a saliva
aos cantos da boca
pequenas notas surdas
que me calam
congelo no fogo cruzado
das linhas por escrever

Espelho meus




Aos vinte
não me via
ao espelho.
O corpo era um dogma,
dado adquirido.
O corpo estava no olhar
do outro.

Aos quarenta e sete
olho-me diariamente.
Encontro figuras
desconhecidas
em mutação permanente.
Há uma urgência
de invalidar esses sinais,
erros do espelho,
do vidro,
da retina,
da mente,
da própria realidade,
o que para todos os efeitos
vai dar ao mesmo.

atac




Marte atacou
Roma atac
um ataque tão quieto
de Amor

sábado, 12 de março de 2016

POEMA DO OSSO


osso
ao longe o ruído
no chão fracturado
partido distante de mim
defeito a doer na carne
antes que o gesso
cure amanhã

quinta-feira, 10 de março de 2016

rock'un'roll




o mais perto
que cheguei do rock'un'roll
foi o mascar da chiclete

ou ser centrifugada
contra a parede
na dança
com o escocês de kilt

ou num sonho
com o Fish
desaguando 
em mim como aquário
in a warm wet circle
tartã e puro malte

segunda-feira, 7 de março de 2016

sexta-feira, 4 de março de 2016

Cemitério




cemitério
de semimortos
em cada parte
do mundo
histórias contadas
com números
lápides perdidas
que não arriscamos
a deixar partir