segunda-feira, 31 de março de 2014

BOLO DE FARINHA DE MILHO


Era o bolo da minha avó,
um mito,
um misto de memória nostálgica,
tradição,
bomba calórica
(quatrocentos grama de açúcar).

Pede cinco (um número invulgar de)
ovos.

A farinha foge à regra (do trigo),
o perigo está no lume
que queimará em exagero
se for alto.

A manteiga dança em proporção
elegante com o cereal:
cento e vinte cinco grama de uma
com mais uma dezena do outro.

O segredo vai todo
para a protecção da forma
direita e lisa,
barrada com margarina.
Demanda também uma folha
de papel vegetal que
se quer untada
ainda generosamente,
tarefa que sem carinho
não alcançará o objectivo.

Nos casos de sucesso
é uma delícia que se come húmida
(pelo menos) na parte de baixo.