Um dos
insultos mais cerimoniosos, subtis e maldosos é apelidar alguém de
previsível. Como se a previsibilidade fosse um sinónimo de tédio
ou enfado. Como se o imprevisto não fosse na maior parte das vezes
fruto da desinformação, da ignorância ou da pura distracção.
Como se só o imprevisto fosse capaz de arrancar uma reacção de
espanto do observador.
Ora
ninguém há-de esperar que um elefante de repente enrole a tromba e
a transforme num carrapito permanente. No entanto, um apêndice
dérmico de dois metros que sai do centro da face num elefante não
deixa de me surpreender. Sempre.