domingo, 2 de março de 2014

COISAS TONTAS



Já não me deixas ser assim
pequeno almoço só p'ra mim,
as marmeladas
compotas e saladas
na hora de vestir
mais um sim...

E os menus na mão
escolher entre croissans e pão...

Um cigarrinho, um batom faz benzinho
um avião p'ra longe
ou de metro pertinho
ou mesmo ficar aqui
tantas coisas tontas
que me lembram de ti.

Um drumb and base
que soa no vizinho
enquanto o teu coração
bate-te baixinho,
ouvir o que eu ouvi
essas coisas tontas
que me lembraram de ti

Eu vi, eu vi
e não venci
tu viste vir o vento e o sono
e até nem dormi.

No São Martinho, poc,
novo vinho,
um telemóvel
nos teus lençóis de linho.
Mas foi quando parti
que essas coisas tontas
me lembraram de ti.

Eu vi, eu vi
e não venci
tu viste vir o vento e o sono
e até nem dormi

Eu fui buscar
os odores de carinho
frutos amargos, doces,
só um bocadinho
enfim, um sabor a ti
tantas coisas tontas
que lembram de ti.

Eu vi, eu vi
e não venci
tu viste vir o vento e o sono
e até nem dormi.

Na esplanada à tarde
um friozinho
mas a mini-saia
a moldar esse... rabinho
sentir o que eu senti
tantas coisas tontas
que lembram de ti.

Escolher férias
entre o Algarve e o Minho
deixar a lingerie
a meio caminho
e foi quando parti
que essas coisas tontas
me lembram de ti.

O original, "These Foolish Things (Remind Me of You)" foi composto por Jack Strachey e a letra foi escrita por Eric Maschwitz. O pobre do Eric estava apaixonado por uma actriz chamada Anna May Wong e aqui nos é contada a separação que se dá quando ela vai para Hollywood e ele regressa a Inglaterra.
Por incrível que pareça toda a gente já cantou esta música: Nat King Cole, Bing Crosby, Billie Holiday, Johnny Hartman ,Frankie Laine, Sam Cooke, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Etta James, Aaron, Neville, Frank Sinatra, Sammy Davis Jr,James Brown, Bryan Ferry, a italina Mina e até o canastrão do Rod Stewart numa versão inenarrável.
E depois de ouvir umas quantas conclui que a melhor versão é esta portuguesa com o piano do Bernardo Sasseti e com as vozes inconfundíveis do Rui Reininho e do Paulo Gonzo que aqui se apresenta no pico da sua carreira, num álbum ao vivo.
Mas é especialmente a letra da versão portuguesa que mais ganha na adaptação. Não sei quem foi o tradutor, e gostava muito de saber pois mais que tradutor ele/a demonstra ser um criador e tanto.
O poema original é muito mais simplório e corriqueiro. A letra portuguesa é muito mais elaborada e interessante.