Genoveva, linda moça, irmã coxa
de Francisca, bem casada e tão feliz.
Joaquim, o mais velho não afrouxa
autoridade, lendo o que o destino quis.
Mulher que arrasta a perna tem defeito,
não serve a marido, governar casa,
ter filhos, trabalhar e com preceito.
Mais vale ficar debaixo de sua asa.
Um dia veio à aldeia um trovador.
Era festa, ele tocava acordeão.
Genoveva ia enfim conhecer o amor.
Ele era jovem, retribuiu essa paixão.
No entanto o destino foi bem cruel:
os dois irmãos prenderam a donzela.
Contra ele usaram violento granel,
por ser o pobre um coxo como ela.
Não quiseram ver ideal combinação
de dois coxos em bom amor unidos.
Genoveva foi condenada à solidão.
Os irmãos, da sentença convencidos.
Dois anos se passaram em sossego.
Um dia se levantou alvoroço,
a família caíra em degredo:
Genoveva estava prenha de moço!
Exigiram saber qual o maldito.
A moça manteve o seu segredo.
O povo ficou espantado, muito aflito
mesmo ao padre apontavam o dedo.
Com o parto veio por fim a solução.
A criança anunciava o culpado.
Ninguém ousou negar a constatação:
a menina era a cara do cunhado.
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