sexta-feira, 2 de maio de 2014

OS VIAJANTES



Vão percorrendo o caminho, abandonados
Esticam os braços tacteando a escuridão
Viajam num deserto, inúteis e conformados
Olham absortos as pedras mortas do chão.

São milhares os pequenos monstros humanos
Cospem todos as mesmas amarguras paralelas
Caminham desgraçadamente ao longo dos anos
Carregam o medo ardente nas almas amarelas

Quando se encontram, os viajantes, pedem ajuda
E fere no olhar uma esperança absurda e perdida
A boca abre em perguntas, a vontade de dar é muda.
Por isso cada um é só e só vai roendo a vida

Pesa-lhes a estrada nas solas dos sapatos cansados
E lamentam em desalentos a desesperada sorte
Não sabem se vão chegar ao fim acordados
E os que chegam, infelizes, batem com a cara na morte.

Sem comentários:

Enviar um comentário