quarta-feira, 7 de maio de 2014

O CORVO



O corvo bica à janela,
bica à janela para entrar.
Tu acordas sentinela
pensando estar a sonhar.
Mas não era pesadelo.
Um bicho negro e nobre
queria entrar no castelo.
Tu o homem que descobre
um corvo que tem frio,
um corvo a crocitar.
Um corvo em pleno extravio,
um corvo que quer entrar.
Que fazes tu, belo homem
a um corvo de azeviche?
Concedes-lhe teu amén?
Convertes-te em seu fetiche?
Ou ficas preso à masmorra
espreitando p’la vidraça,
a vida que nas veias jorra
será tesouro ou ameaça?

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