quarta-feira, 23 de abril de 2014

História Batida





 
 



        

Saíra à rua o geral rude poviléu
alardeando uma grande zanguizarra
Casimiro quis saber do babaréu
fazia frio, embrulhou-se na samarra.

Maria, que vem a ser o vaganau?
que faz aqui o povo ao vento taró?
Coisa fina fará arejar balandrau.
Clamor assim só os homens de Jinó.

Ó homem pára já esse tolo lambaré,
conto-te agora num flaite o que sei.
Que é verdade, juro, não sou alquilé,
há-de vir aí o manilha nosso Rei.

Mas não virá com vestido prosaico
mostrar à plebe um delicado fato
tocado por um feitiço arcaico
d’ oiro precioso, nada barato.

Tão bem engendrado o sortilégio
que só o verá quem seja esperto.
Deve vir ufano o monarca egrégio
por nesse manto mágico ser coberto.

Dizem que de rubis vem incrustado
com enfeites de rendas fabulosas.
P’lo peso da riqueza vem ajoujado,
esticam cabeças gentes curiosas.


Ó Maria, vejo as cocas, o talim,
vem de butes o machucho chilandrão.
Ai que perco o zarinzel, pobre de mim!
Não noto manto, o homem mostra o cação!

Eu bem o topo, não há nevoeiro
aí vem brunindo, inchado como peru,
destapando sem pudor o fofeiro.
Chamem-me burro: o Rei vem nu!