Há aqueles amores
que são como comida que se prepara, tempera e coloca no frigorífico
de manhã até à noite para tomar o sabor dos condimentos.
Depois a hora de jantar chega e um imprevisto inadiável surge.
Deita-se mais um pouco de vinagre, limão ou vinho e permite-se que
marine mais uma noite, na esperança de que no dia seguinte tudo
esteja ainda mais saboroso. Quando surge o momento da refeição os
alimentos estão no ponto. Mas eis que novo acontecimento impede a
confecção do pitéu. E mais uma vez se reforça o tempero. Por fim,
chegada altura certa, coloca-se no lume e sente-se o cheiro do ácido
que acabou de azedar.
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