terça-feira, 5 de agosto de 2014

Não é uma ideia

Não, o amor não é uma ideia.
O amor é um sentimento.
O amor vem do corpo e chega, ao fim de certo tempo, à mente. Nesse momento temos consciência dele. Podemos então ter uma ideia do amor. Essa ideia pode dar origem a outra ideia. O amor passa a ser um eco na nossa mente, um eco que em vez de perder intensidade, aumenta a cada reverberação. Mas tudo começa com uma modificação que ocorre nas profundezas do corpo.
Quantas vezes fazemos a pergunta " quando é que comecei a gostar desta pessoa?" E o máximo que conseguimos lembrar é o vago momento em que nos apercebemos do sentimento. Mas sabemos então, que ele já lá estava antes, subterrâneo, enterrado na pele, no ventre.
Há um instante em que os sinais que chegam à mente são tão fortes que acordam a consciência e então dizemos, muitas vezes com imenso espanto, "gosto desta pessoa".
E depois é tarde para recuar.
Porque a partir daí todos os pensamentos vão inflamar essa percepção, esse sentimento. Todos os pensamentos se agregam, como uma cola, a essa imagem tornando-a cada vez mais acesa, mais forte, mais irremediável.


O amor sente-se. E só depois se pensa. E depois passa a sentir-se mais e mais.

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