sexta-feira, 12 de setembro de 2014
De vidro
Existes
porque te criei
como quem sopra
o vidro
pelo fogo.
Na minha marma
dei-te forma
e voz.
Um perfume.
De tanto te chamar
fiz-te um nome,
uma transparência
um mar encrespado
uma lura cálida.
Implícita.
Depois a pressa,
a falta de prática
e de técnica
tornaram o vidro fosco,
riscado.
Pensei que fosse fácil
quebrá-lo
desfazer o feitiço.
Mas a língua enrola-se
no momento
da palavra mágica,
o nariz espirra
espalhando o pó
que reverte o tempo.
O vidro,
agora opaco,
fumado,
virou muro
à prova de bala,
plano
furado.
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