sábado, 1 de setembro de 2018

O Elefante Tombado




Ilustração de  Billy Shire




Xeque-mate elefante
no meio da sala
tomei a liberdade de
avançar pelo xadrez
senhora
puxando o tapete
ele tomba
numa invisibilidade
intermitente
um caso de perícia:
jaz
não jaz
elegante


a tromba é de água
criatura minando a noite
coração de um só lóbulo
consolo de lábios tantos
corroído de rugas
rasgos de fúria
um mapa de ruelas onde se
esconde a memória
(que nunca morre)
a esvair-se em sangue
exaurido chilreia
prenda de rajá
um mamute de marfim
assegura o comissário
casca grossa
salvou-se a rainha ao menos
a culpa  serve-se com chá
de  sevícias
e cardamomo

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