sábado, 30 de março de 2019

Inequação




Um jardim a incendiar atalhos
no banco acanhado
sob o céu público

árvores avaras
de esconderijo escassas
olhares sub-reptícios
um alongamento vertical
quando o mundo ameaça acabar
num ápice
a pele desadequada garrota
o membro urgente
e o tempo coagula por inteiro
na espera alucinada
o flagrante delito  prestes
a desnudar-se
na espera  a pele árida
congela de medo
os olhares cortantes
o mundo prestes a terminar
o céu a ameaçar incêndios
o banco acanhado a girar
o alongamento vertical
traindo a frequência do pêndulo
pulsação exponencial
num ritmo preso
as minhas mãos terapêuticas
libertam por fim a pele
desadequada
o céu já flui na tarde longa
o vento curativo apaga a luz
o mundo ainda tentando acabar
numa profecia mal cumprida
o mundo a forçar o fim
no banco acanhado de jardim
o mundo a borrifar-se
no festina lente







Sem comentários:

Enviar um comentário