sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Matimar
Lembro-me
como se tivesse
alguma vez assistido
ao dia-a-dia no grande armazém
de revenda
os soutiens de copas
extra generosas
as cintas xxl
das mulheres roliças
à antiga portuguesa
as larachas entre colegas
as toneladas de tecido
o contar dos tostões no final do mês
dia de salário
Lembro-me com a memória possível
a quem ouviu os relatos
vezes sem conta
e visitou verdadeiramente
o escritório principal
uma única vez
uma fotografia fosca
de uma cabeleira
preta e espessa
e a certeza da amabilidade
sem mácula
nos lábios
Um homem singular
chamado Joaquim Matias
quando me levaste
a conhecer o teu ex-patrão
e patrono
Sr. Matias
um homem bom
que não foi recompensado
em vida
porque se compensações
houvesse
não existiriam homens bons
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