sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Farpa do lar
em casa
sento-me no sofá
observando os passos
que daria fazendo a lida
se fosse fada deste lar
olho as tralhas pelo chão
como quem fuma um cigarro
e o fumaria displicente
se fumasse
antes levo à boca uma farpa
que é a lembrança da tua língua
na minha língua castigando-me
por ser uma imagem sem corpo
vejo-me então brincando
aos pais e às mães
às voltas com os trabalhos
domésticos aspirando
o pó para de baixo do tapete
do rato do computador
faço a cama aos sonhos
cozinhando uma sopa de letras
estendo o puzzle das meias
verdades a cozer ao sol
limpo o forno de lenha
onde a tua ausência assa
esse pão nosso sem nós
manteiga ou ilusão
se querem mesmo saber
senhores o certo
é que se acabou
o sal
e o meu papel
higiénico
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