"Conheço o amor de
ouvir falar."
Uma história de desamor.
De como o desamor pode ser uma força avassaladora que tudo varre,
que tudo absorve, que tudo leva à frente, não deixando ficar nada
de pé.
Um livro muito bem escrito
mas nem por isso fácil de ler. Só aconselhável a homens e mulheres
"de barba rija". Não esperem desta leitura um modo de
entretenimento. Há aqui muito dedo a enterrar-se em feridas para que
a leitura nos seja leve.
Cada personagem é gente
que não foi amada. E tudo o que lhes acontece é consequência dessa
falha.
"Conheço o amor de
ouvir falar."
É uma frase que vai sendo
repetida, como outras frases que também se repetem mas esta para mim
é a essencial. Quando as pessoas conhecem o amor de ouvir falar não
ficarão a salvo. Cada um de nós precisa do amor para se salvar.
Quando ele falha a vida vai ser um corrupio na busca de salvação.
Mesmo depois da morte. Tudo em vão.
Violeta é mãe de Dora,
filha de Celeste e de Baltazar, irmã de Angêlo. E todos se ligam
por laços de desamor excepto a relação avós/neta, um pequeno
oásis de ternura no meio da violência de sentimentos que abunda na
narrativa.
Comprei este livro na
Feira do Livro deste ano, o único livro que comprei na Feira deste
ano. Costumo arruinar-me na Feira mas este ano não me pude dar ao
luxo. Mas tinha de ler este livro. Tenho cerca de 30 livros em lista
de espera em casa, um deles também é da Dulce Maria Cardoso mas
este não podia ficar adiado. A curiosidade falou mais alto. Isto
porque tinha lido uns dias antes uma entrevista a vários escritores,
nem me lembro onde, sobre o contacto deles com os leitores, na Feira
do Livro.
A Dulce Maria Cardoso
contou o caso de um senhor que se aproximou dela, numa destas
ocasiões, para lhe dizer que tinha sido um trauma enorme ter lido
"Os Meus Sentimentos". Não sei se ele falou em "maldade"
que a autora lhe teria feito. Dulce propôs-lhe a devolução do
dinheiro e eu achei a resposta simplesmente adorável. E a partir
daí tinha de perceber o que havia levado o senhor a dizer aquilo.
Pois de facto percebo bem, agora, o que quis dizer.
Mas nem eu nem o tal
senhor queremos o nosso dinheiro de volta. Queremos é ler mais
livros da Dulce Maria Cardoso. Todos os que ela escrever, muitos,
muitos.
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