Há
uns anos atrás, num livro de crónicas da Martha Medeiros, descobri
um texto que me ficou na memória: "Vende Frango-se".
Gostei do modo sério, isento de chacota com que a cronista abordava
o tema da comunicação e da sua eficácia e eficiência, partindo
deste anúncio na montra de uma churrascaria. Nunca mais consegui
dizer "frango". Digo sempre "frango-se". O que é
o almoço, perguntam os miúdos? Frango-se! E só quem me conhece bem
sabe porquê. Aquilo que lemos e o que nos fica dessas descobertas
torna-se parte da nossa intimidade.
Foi
com alegria e espanto que descobri o meu "Vende Frango-se"
em forma de amor filial: AMO MÃE TE.
Demorei
algum tempo a perceber a mensagem pois nem todas as perspectivas
permitem ver as 3 palavras ao mesmo tempo. Primeiro lia AMO MÃE e
imaginava que o TE estava por baixo do AMO escondido pela vegetação.
Passados uns dias, caminhando em sentido contrário dei de caras com
o TE que me pareceu fora do contexto. Mas ontem percebi tudo, a frase
completa, a declaração de amor que surgiu exactamente no dia 1 de
Maio, o dia em que o "meu" marco geodésico se transformou
num monumento dedicado a todas as mães. Está escrito de uma forma
um pouco alternativa? Sim, mas a mensagem está lá e chega-nos de
forma absoluta. Cá para mim, há algures uma mãe que está a criar
um poeta.
... a poesia poema-se e os poetas poetam-se
ResponderEliminar...sempre
Adorei! e custou-me a perceber a posição do Te
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