quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

revólver

Natalie Wood photographed  by Raph Crane for Life Magazine, 1956



Que a minha boca
seja um túnel
como o largo
cano
do revólver.
Com
uma só palavra
repetida
inequívoca
escondida
na culatra
contra a cabeça
dura e nua
tenta furar
fura
fura
cai cartucho
mais cartucho
no chão
inchado
de epístolas e pústulas.
Uma palavra pequena
sempre em frente
nada
pára
o cão
engatilhado.
Uma palavra categórica
inscrita no osso
do crânio.
Uma palavra singular
pode parar o mundo
só não há-de parar
o sangue.

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