Fotografia de Francesca Woodman |
À porta
as palavras não contam
cada minuto
vai descendo
não sem antes
arranhar
a garganta
como unhas de gato
pata ante pata
intercalando cada lado
da ferida
sessenta estilhaços
penetrando a pele
até à badalada final
o canino de um tigre
pedra a lapidar
lápis infernal
cautério queimador
e eu capitulando
caindo
dilatadamente
muito abaixo
do chão
a porta cumprirá numa hora
as penitências desse ano
que as palavras não contam
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