sexta-feira, 25 de março de 2016

Espelho meus




Aos vinte
não me via
ao espelho.
O corpo era um dogma,
dado adquirido.
O corpo estava no olhar
do outro.

Aos quarenta e sete
olho-me diariamente.
Encontro figuras
desconhecidas
em mutação permanente.
Há uma urgência
de invalidar esses sinais,
erros do espelho,
do vidro,
da retina,
da mente,
da própria realidade,
o que para todos os efeitos
vai dar ao mesmo.

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