O ventre estacionado no convés
e eu montada na tua sela
ou tu na minha,
confundidos os cavalos que éramos nós.
A palavra luminosa,
um néon pendendo ao alto.
A minha mão tateando os teus rochedos,
o pensamento preso na decifração da imagem.
A palavra fintando-me a leitura
e eu subindo a colina do teu peito.
Procuro uma resposta no livro
que mostravas nos olhos mas
só lá está agora o branco.
A palavra sinuosa
submergindo na pele.
No centro do leito dois corpos
vão rasgar um mar ao meio
num minúsculo milagre precário
e logo serão subtraídos
ao silêncio,
espuma das sobras
na voragem da maré.
Da palavra nem sombras.